Na obra M.E.D.E.I.A, solo da atuadora Tânia Farias, a Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz retoma uma versão antiga e pouco conhecida do mito, trazendo uma mulher que não cometeu nenhum dos crimes de que Eurípides a acusa. Por mais de dois mil anos, Medeia, uma das mais poderosas mulheres da mitologia grega, é acusada de várias atrocidades, tais como o fratricídio, o infanticídio e o envenenamento de Glauce, e é esta imagem que foi imposta à consciência ocidental que a Tribo vem negar. O mito é questionado e reelaborado de maneira, para analisar o fundamento das ordens de poder e como estas se mantêm ou se destroem.
Medeia é uma mulher que está na fronteira entre dois sistemas de valor, corporizados respectivamente pela sua terra natal, e pela terra para a qual foge. Ambas as sociedades, Corinto e Cólquida, apresentam na sua história um sacrifício humano fundamental, que serviu para a estabilização do poder patriarcal. Medeia é uma mulher que enxerga seu tempo e sua sociedade como são. As forças que estão no poder manifestam-se contra ela, chegando mesmo à perseguição e banimento, ela é um bode expiatório numa sociedade de vítimas. M.E.D.E.I.A, se insere nos trabalhos que caracteriam o percurso feminista do Ói Nóis Aqui Traveiz e da atuadora Tânia Farias.
Clipping:
https://teatrojornal.com.br/2016/08/o-percurso-feminista-do-oi-nois-aqui-traveiz/
Criação coletiva da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz inspirada livremente no romance homônimo de Christa Wolf.
Roteiro, encenação, cenário, iluminação, figurino de Tânia Farias da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz
Autores utilizados: Christa Wolf, Rosa Luxemburg, Heiner Müller, George Tabori, Anna Akhmatova, Eurípides, Helga Novak
Música: Johann Alex de Souza
Preparação vocal: Leonor Melo
Produção: Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz
Atuadora: Tânia Farias
Operação de luz e projeção: Paulo Flores
Operação de Som: Lucas Gheller
Cenotécnica: Tânia Farias e Eugênio Barboza
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31/12/1969
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Duração90 min