M.E.D.E.I.A
Tássio Tavares

Na obra M.E.D.E.I.A, solo da atuadora Tânia Farias, a Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz retoma uma versão antiga e pouco conhecida do mito, trazendo uma mulher que não cometeu nenhum dos crimes de que Eurípides a acusa. Por mais de dois mil anos, Medeia, uma das mais poderosas mulheres da mitologia grega, é acusada de várias atrocidades, tais como o fratricídio, o infanticídio e o envenenamento de Glauce, e é esta imagem que foi imposta à consciência ocidental que a Tribo vem negar. O mito é questionado e reelaborado de maneira, para analisar o fundamento das ordens de poder e como estas se mantêm ou se destroem.

Medeia é uma mulher que está na fronteira entre dois sistemas de valor, corporizados respectivamente pela sua terra natal, e pela terra para a qual foge.  Ambas as sociedades, Corinto e Cólquida, apresentam na sua história um sacrifício humano fundamental, que serviu para a estabilização do poder patriarcal. Medeia é uma mulher que enxerga seu tempo e sua sociedade como são. As forças que estão no poder manifestam-se contra ela, chegando mesmo à perseguição e banimento, ela é um bode expiatório numa sociedade de vítimas. M.E.D.E.I.A, se insere nos trabalhos que caracteriam o percurso feminista do Ói Nóis Aqui Traveiz e da atuadora Tânia Farias.

 

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https://teatrojornal.com.br/2016/08/o-percurso-feminista-do-oi-nois-aqui-traveiz/