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1. Assistir a uma ópera no cinema é interessante se as pessoas fossem à ópera e não ao cinema.
2. A ópera começa. E a coreografia parece primeiro dia de aula de Ivald Bertazzo para uma turma geriátrica, de tão pobre os movimentos.
3. Com o cenário feito por andaimes, Fernando Meirelles inova. Agora é a ópera quem copia os musicais.
4. A modernidade nos personagens centrais poderia estar em animações da Disney, sem problema.
5. Em entrevista, Fernando disse ter assistido apenas a 3 ou 4 óperas na vida. Fez realmente falta ter visto mais.
6. Pergunto-me quais são as óperas que ele assistiu? Porque se fosse ao menos uma do Robert Wilson, outra de Lepage e outra de Kastorff, certamente não faria o que está em cena.
7. Espera-se de um cineasta que a relação entre ópera e cinema seja incrível. Não é o caso.
8. O que se mostra projetado é apenas literal e figurativo. O cinema nessa ópera não serve pra nada.
9. Termina o primeiro ato. E eu penso com medo sobre a abertura da Olimpíada que Fernando está criando.
10. Sincronia e precisão não existem para o brasileiro.
11. Alguns momentos são constrangedores de amadores, como o efeito de balançar os tecidos em fila para criar paisagens.
12. Começa o segundo ato. Coro na plateia. Christiane Jatahy fez isso esse ano no Rio. O dela não era gratuito.
13. O uso de materiais que sugerem elementos regionais é a primeira leitura de qualquer estudante de teatro.
14. O coro entra com lanternas, o filme mostra uma fuga pela mata. As estéticas não são minimamente próximas, e não funcionam juntas. Tudo é apenas efeito.
15. Na encenação de Fernando Meirelles, Bizet mais parece Dias Gomes.
16. Fim do segundo ato. Melhor cancelarmos a abertura das Olimpíadas.
17. Começa o terceiro ato. Duas esperanças: que algo aconteça e melhore ou que seja o último.
18. Sem solução. A dança com os bastões é de uma cafonice irremediável. Parece teatro vocacional.
19. Fim. Se você ainda não assistiu a uma ópera, o melhor é esperar um pouco mais.
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