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Meu nome é Diego Mac, eu sou artista, diretor de dança, coreógrafo, dançarino, videoartista e artista 3D, produtor e gestor cultural. Atualmente, me dedico à criação artística baseada no hibridismo entre dança, simulação 3D, NFTs, web3 e metaversos.
O objetivo desse texto é fazer um breve relato de experiência a partir da minha atuação artística junto às tecnologias que têm revolucionado o setor da arte nos últimos 3 anos. Vou compartilhar alguns conceitos, práticas e reflexões a fim de trazer informações que possam colaborar com artistas e profissionais da arte interessados no tema – e também para desfazer mitos e minimizar preconceitos que rondam o assunto.
É importante frisar que esse texto não é aconselhamento financeiro de nenhuma espécie. Também cumpre lembrar que não busco dar conta de abraçar e encerrar os conceitos, nem tampouco oferecer um manual prático de procedimentos técnicos, uma vez que o contexto é vastíssimo e que ainda estamos em fase inicial de implementação dessas tecnologias: não estamos lidando com dispositivos plug&play. Por outro lado, há diversas outras fontes de informação gratuitas que podem servir ao leitor interessado para uma melhor compressão dos assuntos abordados.
NFT, BLOCKCHAIN, WEB3, METAVERSO
Para começar, vou explanar rapidamente sobre quatro conceitos-chave. À primeira vista, parecem apenas palavras da moda. Porém, um olhar mais cuidadoso percebe que esses termos carregam ideias embrionárias de uma nova lógica de organização social nativamente digital.
BLOCKCHAIN
Blockchain é uma solução tecnológica contábil que veio para resolver o problema da autenticidade, credibilidade e segurança das transações financeiras realizadas em ambiente virtual por meio de criptomoedas. Isso ocorre devido à arquitetura do sistema e ao modo como as informações são registradas. Cada blockchain pode ser entendida como um grande e fragmentado livro público de registro das transações realizadas com determinada criptomoeda. Exemplos de blockchains e suas criptomoedas: Etherum: ETH; Tezos: XTZ; Bitcoin: Bitcoin. Funciona assim: 1) um usuário solicita uma transação (compra ou venda de um item digital, por exemplo); 2) um bloco virtual de informações é criado, contendo os dados daquela transação; 3) o bloco é difundido para todos os nós da rede (diversos computadores); 4) todos os nós validam o bloco e a transação; 5) o bloco é adicionado à blockchain; 6) a transação é verificada e executada. Como os registros são sequenciais e validados de forma descentralizada pelo consenso entre diferentes nós da rede, eles não podem ser modificados retroativamente, nem podem ser perdidos ou deletados totalmente. Isso tudo confere à blockchain características importantes: a transparência de todo o sistema, a titularidade e a autenticidade dos dados. Esses atributos acabam atraindo diversos profissionais e setores, como investidores, desenvolvedores e criadores, uma vez que agora é muito mais acessível e seguro comprar e vender itens digitais.
NFT
NFT é a sigla para Token Não-Fungível (Non-Fungible Token), um item essencialmente digital e não-fungível, ou seja, que não pode ser substituído por outro, ainda que da mesma espécie, sem perda ou alteração de valor. Um quilo de açúcar pode ser trocado por outro quilo de açúcar; uma nota de R$ 5 tem o mesmo valor que outra nota de R$ 5; duas moedas de R$ 0,10 possuem o mesmo valor. Já os ativos não-fungíveis são insubstituíveis. Não é possível trocar uma obra de arte por outra, pois possuem valores intrínsecos diferentes. Pelo mesmo motivo não tem como substituir uma peça de Shakespeare por um poema de Edgar Allan Poe. Em outras palavras, NFT é um item digital (foto, vídeo, texto, modelo 3D, etc), cujas informações de titularidade, origem e autoria foram gravadas em uma blockchain e validadas pela rede. Assim esse item passa a ser único, singular, exclusivo, original e de propriedade específica. Para qualquer modificação nos dados do item, como uma troca de titularidade, por exemplo, um novo registro/bloco é feito na blockchain – em vez da edição do registro/bloco original –, gerando um histórico público da movimentação de determinado item, acessível por todos.
NFTs são comercializados por meio de diferentes criptomoedas em diferentes plataformas comerciais, denominadas marketplaces, como Foundation, OpenSea, Objkt, entre outras. Para cada item digital a ser vendido pela primeira vez (mercado primário), o titular define o percentual de royalties que receberá caso esse item seja revendido posteriormente (mercado secundário). Desse modo, o titular original de uma obra de arte, por exemplo, continuará a receber uma quantia sempre que aquele trabalho tiver sua titularidade transacionada novamente.
NFTs podem ser vendidos como séries e coleções, em que um único item pode ter várias cópias legítimas. Mas também podem ser ofertados como itens únicos e exclusivos, chamados de 1/1, em que há apenas um exemplar do item. A comercialização de obras de arte como NFT tende a se concentrar nessa última possibilidade. Ainda, NFTs podem ser obtidos e transacionados em jogos baseados em blockchain no modelo play-to-earn (jogar para ganhar, em tradução livre), em que os jogadores ganham prêmios em NFTs e podem negociá-los no jogo ou convertê-los em moedas fiduciárias através das exchanges (as corretoras especializadas em criptoativos).
O modelo play-to-earn colocou o Brasil como o 2º país do mundo que mais tem donos de NFTs. Segundo a consultoria alemã Statista, cerca de 5 milhões de brasileiros possuem ao menos um NFT, o que representa 2,33% da população do país. Nessa toada, grandes artistas brasileiros já estão adentrando o universo das NFTs, como Gilberto Gil, Milton Nascimento e Nando Reis, o que colabora para credibilizar e difundir a tecnologia e suas possibilidades.
E para quem ainda torce o nariz para as NFTs por conta de questões ecológicas, saiba que esse é um tema central no aprimoramento e na atualização da tecnologia, com diversas ações em curso para minimizar o impacto ambiental do uso de energia pelas blockchains. Exemplos dessas iniciativas são as blockchains Tezos, Solana, Algorand, Cardano, Polygon e The Merge (a Ethereum 2.0 – que deve ser lançada em outubro de 2022 e que reduz drasticamente o consumo de energia).
WEB3
Na medida em que blockchains e NFTs são desenvolvidas e a tecnologia é aprimorada, novos modelos de presença na web vão sendo montados e imaginados. É o que ocorre com a ideia da web3. Trata-se da terceira fase da World Wide Web, caracterizada, sobretudo, pela descentralização. Todo e cada ponto da rede é autônomo, independente e livre para agir diretamente com outro ponto, sem intermediários. Atualmente ainda estamos na fase dois, a web2, em que instituições centralizam decisões e detêm o poder de mediar transações, incluindo a coleta e uso dados, como Google, Instagram, Amazon, Spotify, grandes bancos, conglomerados de mídia, etc.
METAVERSO
Metaversos são universos virtuais que mimetizam o mundo físico por meio de dispositivos digitais e que se valem das blockchains, das criptomoedas e dos NFTs para promoverem transações e relações entre pessoas. Videogames, experiências de realidade virtual e aumentada, encontros no Zoom e compras em e-commerces são os exemplos mais didáticos do que pode ser o metaverso. Contudo, a experiência nessas instâncias ainda é bastante limitada, com telas pequenas e conexões lentas. Além disso, ocorre a fragmentação da personalidade virtual, já que para cada serviço precisamos criar um perfil diferente. A ideia do metaverso é que a mesma identidade possa ser a adotada em diferentes espaços e experiências, e que possamos agir e nos movimentar por eles de forma fluida e contínua, sem interrupções ou obstáculos de hardware ou de software.
What would be your last kiss #4, de Diego Mac
Posso ficar rico?
Alguns acontecimentos midiáticos e notícias bombásticas fizeram os NFTs parecerem uma mina de ouro e uma tábua de salvação para artistas. Mundialmente, e do lado de quem vende, podemos citar o caso Beeple, que vendeu, em março de 2021, a série "Everydays: The First 5000 Days” como NFT por US$ 69,7 milhões. Nacionalmente, e do lado de quem compra, podemos lembrar da aquisição que o jogador de futebol Neymar realizou, em janeiro de 2022, de três artes virtuais de uma das coleções de maior valor do mundo, a “Bored Ape Yacht Club”, por R$ 6,48 milhões.
Artistas estão acostumados a ter baixa expectativa, trabalhar muito, vender quase nada e ganhar pouco. E a acreditar no seu trabalho. E se há alguma luz que possa valorizar a arte e o artista, é natural que muitos deles corram até ela.
Foi o que ocorreu. Vários artistas passaram a entender e praticar a presença na web3 e a produzir NFTs como forma de comercializar seu trabalho (sem esquecer que, por outro lado, abriram-se porteiras gigantescas para que oportunistas passassem a se identificar como artistas para surfar nessa onda, mas essa é outra história). O objetivo comercial desses artistas, de viver da venda do seu trabalho, no entanto, nem sempre é bem visto por alguns agentes do setor das NFTs (como colecionadores, curadores e críticos, especialmente aqueles já muito bem estabelecidos financeiramente...). “Dizem” que os artistas devem seguir “regras de etiqueta da web3”, como não falar em venda e não entrar em contato direto com colecionadores para iniciar uma relação. “Dizem” que é preferível que os artistas vivam a web3 e os NFTs como um hobby, como uma atividade de paixão e amor, ou como uma crença em algo maior. “Dizem” que é preciso esperar, ter fé. “Dizem” que, então, um dia serão notados. Comprados. Recompensados.
Discordo do que “dizem”. Ora, arte não é só o que o artista faz, é também o que o artista vê, fala e vive. É também a maneira com que ele se comunica e se posiciona. E não importa só a maneira como o artista se posiciona em relação à arte, mas como o artista posiciona a arte na sociedade. Trata-se de um sistema complexo. A arte está longe de ter uma lógica simples de compra e venda, de processo-resultado, forma e conteúdo.
Em tal sistema complexo, estão incluídas as ações de compra e venda, de geração de valor, de movimento econômico. Nesse sentido, entendo que a arte não se resume só ao seu resultado; que falar de arte não se trata apenas de falar sobre estética, sobre formas, linhas, cores, sensações e metáforas: falar de arte também é falar de sua comercialização, de seus processos de marketing e de seus movimentos econômicos.
Já faz tempo que o artista não se vê e não se limita a uma pessoa dotada de magia e à espera de um milagre. Ele participa de todos os processos que envolvem a produção artística, desde a criação até a venda. Muitas vezes essa onipresença ocorre por desejo e escolha. Entretanto, na maioria das vezes, ocorre por necessidade – pelo menos no Brasil. Num mundo em que a arte e o artista continuam a ser tratados com preconceito, dureza e violência e no qual é muito difícil sobreviver com o seu ofício, não há outra saída senão se apropriar do seu trabalho e vendê-lo com suas próprias mãos, pernas e bocas.
Enxergo que é exatamente isso que essas tecnologias possibilitam, uma vez que se querem acessíveis e democráticas: se apropriar de novos meios de produção e distribuição para talvez deter novos meios de comercialização. Novos modelos de mercado para novos modelos sociais.
Então qual seria o problema de ver na web3 uma oportunidade de retorno financeiro caso seja realmente um artista (e não um oportunista)? Seria um incômodo para colecionadores ter que lidar com artistas que precisam vender para sobreviver, que querem apresentar o trabalho e fazer contato com investidores?
Há três maus cheiros nessa situação: 1) julgar o artista que vende, que fala sobre venda ou que oferece uma obra como se ele só fizesse isso ou só falasse disso, resumindo-o a um vendedor; 2) comparar os artistas a oportunistas genéricos; 3) taxar como sonho algo que é da realidade: não se trata de romantismo ou de expectativa utópica a busca por vender uma obra; pelo contrário, trata-se da concretude do trabalho do artista. Isso é inseparável de todo o resto.
Ou seja, em uma das dimensões dessa nova realidade provocada por essas tecnologias, nada fica tão atraente e diferente do que já ocorre tradicionalmente. A ideia romântica de que na web3 os artistas ganham dinheiro e as dinâmicas sociais são outras se torna risível por um lado e triste por outro: os artistas continuam os mesmos; as dificuldades continuam as mesmas; a distribuição de renda continua a mesma; o tabu entre arte e economia continua o mesmo; e o poder continua na mão de poucos.
Não se trata de grana, e sim de titularidade
Então, qual é a diferença e por quais motivos essas tecnologias soam esperançosas se, ao que parece, resultam em mesmices? Ora, há muitas dimensões iguais entre o sistema tradicional da arte e as novidades propostas pela web3, pois ainda somos os mesmos seres humanos por detrás da tecnologia. Contudo, a tecnologia, sim, é outra. A diferença mais promissora reside na possibilidade de encontramos outras estratégias para aproveitarmos a relação pessoa-máquina frente a novos protocolos, procedimentos técnicos e organizações sociais digitais apresentados pela blockchain, web3, NFT e metaversos (que, ao menos em sua essência, carregam ideias de titularidade, descentralização, transparência e democratização).
Definitivamente, não concordo com “regras de etiqueta” que tentam tirar das mãos do artista a autonomia da venda de seu próprio trabalho. Porém, talvez até exista uma boa (e torta) intenção de quem propague estas regras: uma tentativa de evidenciar que os processos de comercialização e obtenção de receita são apenas a camada mais efêmera e superficial de todo o processo. A expressão “tenha fé é no seu trabalho e crença no sistema” me parece uma construção datada, mas em um viés mais racional pode ser substituída por uma ideia menos mística: investimento de longo prazo em arte e tecnologia.
A obtenção de lucro a curto prazo com a venda do seu próprio trabalho pode e deve ser um objetivo legítimo se o artista quiser. Contudo, essa meta será alcançada de forma mais eficaz e permanente quando se entende o que sustenta essa possibilidade, quando se percebe a base da construção de valor no mercado digital. Isso tem a ver menos com o montante de criptomoeda conquistado em pouco tempo e mais com a potencialidade que as ideias de titularidade e de autonomia, trazidas pelas tecnologias, conferem para o trabalho artístico a longo prazo.
Como tem funcionado comigo
Para o meu processo de trabalho, considerando todo o histórico de operação no setor da arte há muitos anos, essas possibilidades têm sido revolucionárias. Criar as minhas próprias coisas, decidir quando, onde e para quem quero vender, quanto quero cobrar, definir royalties, acompanhar a movimentação do trabalho e continuar a receber pelas vendas posteriores realizadas são possibilidades que desconstroem e reconstroem a minha autoimagem como artista, trazendo empoderamento necessário numa realidade em que a arte é cada vez mais colocada para baixo do tapete.
Na verdade, essas tecnologias me colocaram mais perto de um objetivo que persigo há muitos anos: “colocar a minha dança na prateleira das Lojas Americanas”. Mais do que uma meta comercial, trata-se, sobretudo, do desejo de popularizar a dança cênica/performática, de formar público e de dominar os processos econômicos que envolvem o fazer artístico. À medida que essas novas possibilidades técnicas permitem que a dança seja entendida e operacionalizada como um item, como um objeto digital, abrem-se também as possibilidades para colocar esse objeto em prateleiras, comercializá-los e distribuí-los como um produto, guardadas as devidas especificidades. Essa é uma das aplicações que venho fazendo nesses ambientes: me valendo das tecnologias para distribuir e comercializar o trabalho artístico que faço em diferentes marketplaces e comunidades.
A outra aplicação diz respeito à criação e à linguagem artística propriamente ditas. Uma vez que há a possibilidade de abordar a dança como um objeto digital, tenho empreendido uma pesquisa artística que me move na direção de descobrir como isso é possível e o que me interessa nesse contexto. Esse processo não é novo pra mim, que já mexo com a relação entre dança e tecnologia há bastante tempo. “Pas de Corn” (2006) é o primeiro e mais emblemático trabalho resultante dessa relação: um vídeo que apresenta um corpo de baile formado por pipocas e que se vale do humor para satirizar o corpo do bailarino. A obra recebeu muitos prêmios, participou de diversos festivais e é utilizada como referência na pesquisa sobre videodança no país. “Por Baixo da Mesa” (2007) e “Mexendo nas Partes” (2008/Prêmio Açorianos Novas Mídias) são outros trabalhos criados na continuidade da pesquisa com videodança. Em 2009, recebi bolsa CAPES para pesquisa de mestrado em Poéticas Visuais (PPGAV/UFRGS), orientado por Sandra Rey. Nessa época, eu já havia chegado ao entendimento de que o vídeo é o corpo que dança e que eu lidava com uma dança das imagens, e não com uma dança nas imagens, resultando na questão: como esse vídeo dança? “O Colecionador de Movimentos” (2011) é a obra resultante da pesquisa, que engendrou conceitos de movimento, coleção, hipertexto e interação. Para essa nova fase, estou me movendo na direção da mistura entre a dança e as aplicações 3D (animação e simulação), em que diversos elementos da linguagem da dança, como o corpo, o ritmo, o giro, o ponto de apoio e de controle, a mobilidade das articulações e relação com a gravidade, entre inúmeros outros, são submetidos à lógica da animação e da simulação 3D, como corpos moles, corpos plásticos, expansão e contração de campos de força, vento, fluídos, baixa gravidade e superfícies impulsivas. Outros movimentos. Outros corpos. Outras danças.
Nesse processo, muita coisa vem acontecendo, e de forma rápida. Criei duas coleções de peças de dança 3D: “Sylphides 3.0” (2 peças, disponível na Foundation, em .ETH) e “What would be your last kiss?” (7 peças, disponível na Objkt, em .XTZ). Com a obra “Sylphides 3.1”, participei do “moveMINT NYC: The Experience”, liderado pela artista da dança Crux, co-fundadora do Forbidden Fruit , uma organização dedicada à dança, à performance e ao bem-estar; da “NFT São Paulo”, gerenciado pela dupla de artistas Reiniscouple; do “Origen Festival de Videodança”; do “Festival Movimentale de Audiovisual”; do “International Meeting on Video-dance and Video-performance”; da “Thorium Gallery District Spatial Metaverse”, do fotógrafo Thorium . Fui selecionado para integrar o time de 20 artistas do movimento “Brashill ”, que busca fomentar a arte brasileira na web3, fundado pelos artistas Ariel Gricio e Laura Faria . Também tenho gerenciado uma série de encontros com artistas brasileiros das artes cênicas em que são convidados profissionais com trajetória nesse universo para relatar experiências e oferecer instrumentalização básica sobre NFTs.
Reconvexo, obra de Diego Mac
Como pode funcionar para as artes cênicas: algumas dicas
LINGUAGEM ARTÍSTICA
A primeira ação que um artista das artes cênicas pode fazer é projetar como resultaria o seu trabalho artístico sob a forma de um objeto digital. Como seria? Em vídeo? Em foto? Em texto? Em áudio? Em live? As possibilidades são inúmeras, e é um campo fértil para a criação artística.
NETWORK
Prepare-se para ser ignorado por muitos. Em contrapartida, é possível encontrar artistas e colecionadores incríveis, que serão seus parceiros e te apoiarão constantemente nessa jornada. Eu tenho conhecido muita gente generosa, fiz muitos amigos e parceiros incríveis. Há uma comunidade internacional de artistas da dança e da performance bastante grande e aberta para acolher novos agentes. Lá pude conhecer grandes profissionais que tenho tido a chance de acompanhar e de me aproximar, como Suzana Phialas, Irina Bashuk e Shu. E meus colegas artistas latino-americanos: Andrea Lomelin, Matías Hinojosa e AILO.
Já no Brasil, me sinto bastante solitário e conheço poucos artistas da dança e das artes cênicas em geral que têm se aventurado no campo da web e das NFTs, como é o caso de BirdOfOmen (dos artistas Leonardo Villa e Natália Karam), Tatiana Rosa, Bianca Victal e Luciana Telles. No entanto, há uma grande comunidade de artistas brasileiros que operam em outras e variadas linguagens, como fotografia, ilustração, vídeo e música: Rosa Morena; Amara; Naju; Eduardo Calegari; Liége Müller; Andressa Furletti – só para citar alguns.
REDES DE CONTATO
Arrume todas as suas redes sociais e os canais digitais pelos quais pessoas e instituições possam fazer contato com você; coloque uma boa foto de perfil e escreva uma minibiografia sintética e informacional sobre você. Utilize o Discord e o Twitter como redes principais para relacionamento e networking. Organize um site ou crie um portfólio online que contenha seus melhores trabalhos, um breve histórico de sua atuação como artista e seus projetos e objetivos atuais. Agrupe todos os seus links em um serviço como Linktree ou Linkfire para ser mais fácil de compartilhar. Poste seus trabalhos nas redes sociais, mesmo que em processo (WIP – work in progress), conte sua história e suas conquistas por meio das suas postagens. Seja gentil, educado, compartilhe e promova seus colegas.
ESTUDE
Leia muito sobre tecnologia, blockchain, NFT, web3, metaverso e suas relações e implicações com a arte. Aprenda os termos. Entenda os conceitos. Experimente as técnicas, os softwares e os procedimentos. Crie suas carteiras virtuais e guarde suas chaves. Inscreva-se em marketplaces e pesquise o comportamento dos artistas e dos colecionadores. Converse e aprenda com quem já está atuando e tem mais experiência que você.
LONGO PRAZO
Ainda que estejamos em um período de baixa no segmento de criptoativos, as análises permanecem otimistas, tratando-se de um mercado promissor, na medida em que a cada ano mais pessoas se interessam por ativos não fungíveis e criptomoedas. As receitas globais geradas por NFTs devem crescer 439% até 2026, em relação a 2021, segundo o relatório da Statista. Com estudo e visão de médio e longo prazo, é possível que o próprio artista invista em arte e tecnologia por meio do seu trabalho, estabeleça uma forte presença nesse ambiente e participe dos novos rumos da arte, com aplicações em metaverso como galerias, teatros, performances, apresentações, exposições, aulas de dança e demais linguagens, etc. Além disso, o longo prazo também diz respeito ao mercado secundário de NFTs, em que ativos digitais podem gerar receita ao primeiro titular toda vez que forem revendidos. Abrir mão de altos lucros de curto prazo (mito provocado por fenômenos midiáticos) em troca de construir sua marca pessoal, ter propriedade e autonomia sobre o seu trabalho, aumentar seu alcance e consolidar uma base de parceiros e colecionadores é uma troca que pode valer a pena neste estágio inicial das tecnologias blockchain, NFTs, web3 e metaversos.
Diego Mac é diretor de dança, coreógrafo, dançarino, videoartista e artista 3D. Produtor e gestor cultural. Atua há 25 anos na área cultural e de entretenimento em projetos artísticos que transitam entre dança, cultura popular, visualidade, tecnologia e gestão. Diretor da Macarenando Dance Concept. Diretor Artístico da Muovere Cia de Dança. Graduado em Dança. Mestre e especialista em Poéticas Visuais. Doutorando em Artes Cênicas. Começou carreira profissional nos anos 90, tendo trabalhado em mais de 300 projetos culturais. Seu trabalho é reconhecido nacional e internacionalmente, com inúmeros prêmios recebidos. Atualmente, dedica-se à criação artística baseada no hibridismo entre dança, simulação 3D, NFTs, web3 e metaversos.
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