*Atenção: o arquivo deve ter no máximo 500kb.
*Nome que será exibido na barra de endereços. Não deve conter espaços ou acentos. Ex.: www.agoracriticateatral.com.br/posts/nome-do-post.Caso não seja preenchido, será gerado automaticamente com base no título.
A edição do Palco Giratório Sesc se concluiu ontem com a participação de Expresso Paraíso, dirigida por Mauricio Casiraghi, da ATO Cia Cênica, no Teatro do Goethe-Institut de Porto Alegre. Nos dias 16 e 17 de maio, o projeto começou com o diretor João de Ricardo (Cia Espaço em BRANCO) que estreou Tocar Paraíso. A encenação de Casiraghi cumpre temporada de 24 de maio a 9 de junho (sextas, sábados e domingos), às 20h, no Teatro do Goethe-Institut. Tocar Paraíso volta aos palcos do Goethe-Institut de 14 a 30 de junho. O projeto TRANSIT, criado pelo Goethe-Institut em 2017, financia dois criadores gaúchos a proporem encenações próprias para um mesmo texto, criado por um dramaturgo ou dramaturga de língua alemã. Em 2019, foi a vez de João de Ricardo e de Casiraghi proporem suas montagens para o texto jogar paraíso/paradies spielen, do austríaco Thomas Köck. Thomas Köck assistiu à estreia das duas encenações em Porto Alegre, e participou de um debate com os diretores e os críticos do Agora no dia 21 de maio, mediado pelo jornalista Valmir Santos. Leia entrevista do dramaturgo no link https://bit.ly/2JnZTO0 . Além de promover o trânsito criativo entre Europa e Brasil, o Transit se propõe a consolidar a figura do crítico interno. Dessa maneira, cada editor do Agora Crítica Teatral acompanhou o processo de criação de um dos espetáculos. Renato Mendonça acompanhou a Cia Espaço em BRANCO, e Michele Rolim, a ATO cia cênica. O TRANSIT tem realização do GI e do Palco Giratório, e correalização do site AGORA crítica teatral. A seguir, o relato de Michele Rolim sobre o processo de criação de Expresso Paraíso.
PRIMEIROS PASSOS
Foi com a premiada montagem do texto O Feio, do dramaturgo alemão Marius Von Mayenburg que a ATO cia. cênica nasceu no ano de 2011 em Porto Alegre, formada por estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A companhia tem se destacado na cena teatral gaúcha principalmente pela experimentação de dramaturgias cênicas contemporâneas. Nas palavras do grupo: “Em seus espetáculos, a companhia busca proporcionar o contato com problemáticas e contradições da sociedade contemporânea impulsionadas por inventivas experimentações cênicas que buscam estabelecer novas formas de contato com o público”. Atualmente a ATO oferece ao público quatro espetáculos: 1)O Feio, com direção de Mirah Laline, vencedor do Prêmio Açorianos 2012 de Melhor Espetáculo pelo Júri Oficial, Prêmio RBS de Melhor Espetáculo pelo Júri Popular e de Melhor Coadjuvante para Paulo Roberto Farias e Prêmio Myriam Muniz 2013 de circulação da FUNARTE tendo se apresentado em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia 2) O Casal Palavrakis, texto de Angélica Liddell, com direção de Maurício Casiraghi, vencedor do Prêmio Açorianos de Melhor Direção 3) #7xBeckett inspirado em textos de Samuel Beckett, com direção de Maurício Casiraghi 4)Língua Mãe. Mameloschn, de Sasha Marianna Salzmann, com direção de Mirah Laline, vencedor do Prêmio Açorianos de Melhor espetáculo pelo Júri Oficial e Prêmio Braskem de Melhor Atriz para Mirna Spritzer.
Depois de uma direção premiada Mauricio Casiraghi, 28 anos, volta à essa função com os dois atores já dirigidos por ele em O Casal Palavrakis: Mariana Rosa e Paulo Roberto Farias. Agregam- se ao elenco atores da peça O Feio: Danuta Zaghetto, Marcelo Mertins e Rossendo Rodrigues. Mirna Spritzer que trabalhou com o grupo na montagem Língua Mãe. Mameloschn soma-se a esse grupo, que ainda contempla Arlete Cunha, importante atriz com uma trajetória reconhecida na cena. Um encontro intergeracional de peso. A Mauricio Casiraghi foi posto o desafio: dirigir sete atores e atrizes desse calibre em cena.
Em O Casal Palavrakis podíamos reconhecer duas escolhas importantes para a encenação: a do texto e a do audiovisual (leia a crítica de Renato Mendonça http://twixar.me/YLgn). Neste novo trabalho Casiraghi opta pela palavra como espinha dorsal da criação. E contribuições para a criação não faltaram. Nos ensaios, que começaram no dia 10 de janeiro, Casiraghi conseguiu criar um ambiente de horizontalidade onde os atores se sentiram à vontade para propor. Pode-se perceber que ele nunca refuta uma ideia de cara, sempre experimenta e sabe abandoná-la quando percebe que ela não é possível e exequível de ser realizada dentro do prazo estabelecido e necessário. A atmosfera de trabalho é leve, mas não silenciosa. No ensaio são realizados poucos trabalhos de fisicalidade e de aquecimento, os exercícios se focam no jogo entre os atores e no ensaio do texto. Todos os atores e as atrizes contribuíram muito durante o processo de criação. Questionaram o texto e foram em busca de uma exaustiva compreensão do que era dito pelo autor. Por muitas vezes o diretor apontava que queria que a ideia completa estivesse em uma única fala do personagem, sem pausas e interrupções. Também é preciso ressaltar que pela primeira vez no projeto TRANSIT diretores, atores, atrizes e criticos internos participaram de uma imersão com a tradutora do texto Christine Röhrig. De alguma forma, isso também serviu para reforçar a importância da palavra na encenação. “Tive desde o início do processo a preocupação com a compreensão do texto de Thomas Köck buscando não impor uma linguagem de encenação minha, mas sim uma que fosse criada junto com toda a equipe a serviço da narrativa”, conta o diretor.
Elenco e diretor reunidos para fazer as primeiras fotos de divulgação do espetáculo. Créd. Foto: Adriana Marchiori
PERSPECTIVA CINEMATOGRÁFICA
Mauricio Casiraghi também é conhecido por pesquisar a tecnologia audiovisual como catalisadora para a imersão no teatro. Em Expresso Paraíso, o vídeo seria um dos dispositivos relacionais, entre o corpo do ator e a imagem projetada. No entanto, a televisão de 52 polegadas que, no início do projeto iria servir de complemento narrativo e parte do cenário, ao longo do processo de criação, ficou de fora junto com a técnica de video mapping. O que restou, digamos, de “mais tecnológico”, foi a presença de um ferrorama (uma miniatura de uma ferrovia), posicionado no canto do palco. Na frente da miniatura está uma câmera que transmite sua imagem em tempo real para uma parede branca. Essa miniatura foi construída em parceria com a Cia Gente Falante, especializada na linguagem, produção e criação de teatro de formas animadas. A miniatura é manipulada pelos atores e a câmera é controlada pelo diretor. A pretensão inicial do projeto era de ter os recursos audiovisuais com uma participação maior na encenação, mas, conforme podemos observar, o processo de criação foi revelando uma estrutura que aposta menos nos recursos tecnológicos e mais no jogo entre os atores e na metamorfose dos elementos cênicos. Apesar disso, segundo o diretor, a encenação toda é delineada por uma perspectiva cinematográfica que se expressa pela velocidade da escrita cênica e também pela composição visual. Tanto que o diretor mostrou ao elenco um desenho de uma espécie de relógio, uma ferramenta utilizada para estabelecer uma linearidade cronológica dos acontecimentos e verificar se a estrutura destes estavam bem distribuída ao longo do espetáculo. “Nessa foto eu fiz um esquema do relógio pra nossa peça. Isso é uma ferramenta de escrita, mas também de direção de cinema. Se faz isso pra organizar os acontecimentos da narrativa. Pensem no relógio para entender as posições. Os tracejados no meio indicam relações de espelho. Equivalências temporais. A peça está com uma estrutura bem equilibrada de tempos. Isso é mais pra vocês terem uma ideia de como ela está organizada”. Uma das propostas do diretor é a mobilidade do olhar dos espectadores. No cinema existe o movimento da câmera, que aproxima e afasta, e proporciona outros planos. De certa forma, Casiraghi dá essa liberdade ao espectador, de voltar seu olhar ao que interessa a ele no palco. A encenação, por diversas vezes, proporciona vários focos em uma mesma cena apesar de estar frontalmente exposta ao público.
Imagem desenvolvida pelo diretor para organizar os acontecimentos narrativos
DESENHOS DE ENCENAÇÃO: O QUE ERA E O QUE FOI
É importante recuperarmos o que era desejo do encenador quando incialmente leu o texto de Thomas Köck e avaliarmos o que se manteve e o que foi descartado na encenação que o diretor imaginava em dezembro de 2018. Durante o processo criativo, como era de se esperar, muita coisa se alterou.
PRÓLOGO E EPÍLOGO O que era: A proposta de encenação para o prólogo e o epílogo da peça é de trazer uma outra forma de visualizar o Fogo. Aqui o Fogo é visto de forma literal, como uma força da natureza que devasta e queima a pele humana em contato. Mas também retrata o fogo como calor, diferente do gelo, calor humano, amor, a impossibilidade de ver um parente querido definhando. Como cena pretendemos trazer esse momento para uma esfera mais íntima. O ator acenderá fósforos, rodeado de um ambiente totalmente escuro. A cada fósforo riscado poderemos ver o rosto do ator até a chama se consumir. Recomeça o ciclo e vemos a cada lampejo de luz o personagem se debatendo ao encarar o pai morrendo. Como a cena propõe, buscaremos, pelo uso do microfone, uma atuação mais minimalista. O ator irá trabalhar outras nuances vocais que se aproximem do sussurro. Esse recurso servirá como suporte para recriar esse espaço mental dos conflitos do personagem. O que foi: Tanto no prólogo quando no epílogo o ator que desenvolveu a cena foi Rossendo Rodrigues. No prólogo a cena permaneceu minimalista, porém ao invés de fósforos, telas de celulares coloridas, o elenco ora se aproximava e ora se afastada do ator. Não há o uso do microfone: a cena aposta do trabalho de voz, interpretação e gestualidade do ator. “Não podemos situar essa figura enquanto personagem, dentro de uma concepção dramaticamente convencional do termo, pois faltam informações a respeito dela para tanto. Quase inexistem pistas sobre a personalidade ou os padrões de comportamento dessa figura. Trata-se apenas de um verborrágico desabafo de quem não consegue encarar de frente o sofrimento físico do pai e a inevitabilidade da morte. Trata-se da persona encarregada pelo prólogo e pelo epílogo do espetáculo. Porém o discurso dessa figura não permanece isolado no texto de Köck, ecoa ao longo de toda a narrativa, encontra espelhamento mesmo nas palavras dos personagens dramaticamente bem estruturados que povoam outros núcleos da narrativa”, diz Rodrigues.
Rossendo Rodrigues na cena do prólogo no palco do Teatro do Goethe-Institut . Créd. Foto: Claudio Etges
TREM EUROPA O que era: A proposta para este conjunto de cenas consiste no jogo entre os atores, na movimentação das poltronas e sua relação com a câmera ao vivo. Essas três estruturas serão dispostas em uma relação de dança para que o resultado do vídeo estabeleça a múltipla espacialidade desse trem. Essa aproximação focada na fabricação do cinema está diretamente relacionada com as problematizações entre o real e o ficcional que o texto traz. Outro ponto crucial dessa cena é a ênfase ao tom cômico e ácido que o próprio texto sugere. Buscaremos aliar todo jogo de movimentações e relação com o vídeo a essa tonalidade da atuação. O que foi: Não houve a relação com a câmera ao vivo. Mas o ponto crucial da cena se manteve: a ênfase ao tom cômico e ácido. As cenas do trem flertam com elementos do Teatro do Absurdo. Esses personagens podem ter acabado de chegar ou eles podem estar lá há anos. A situação sugere também algo cíclico, sempre se repetindo, sem saída. A movimentação das poltronas foram uma grande aposta da encenação, que revela os mecanismos da teatralidade ao público. Três pares de poltronas de trem sobre um suporte de madeira em forma de “L”. Essas estruturas foram construídas sobre quatro rodas que tornaram possíveis a reconfiguração espacial e as mais distintas movimentações. “Esse conceito de poltronas móveis para as cenas do trem ICE tem em vista multifacetar a espacialidade do trem, sobretudo para que sua complexidade contribua para o jogo dos atores”, afirma o diretor. Esse recurso cenográfico também contemplará em grande parte as cenas do casal chinês, já que a parte traseira de cada uma das poltronas forma uma parede branca passível de reorganização espacial e de projeção de imagens.
Arlete Cunha (em pé) interpreta a condutora do trem em um cenário composto por poltronas . Créd. Foto: Claudio Etges
CHINESES O que era: Propomos que a partir da mobilidade das poltronas, sobretudo com a parte de trás delas, os atores possam criar as paredes do casebre onde vive o casal de chineses na Itália. Essa flexibilidade do cenário possibilitará também a metamorfose desse espaço narrativo. Pretendemos usar ainda essa estrutura como tela de projeção. Assim poderemos inundar o palco com as mais variadas possibilidades imagéticas. Uma delas se refere ao plano do real no qual o texto se inspira: um acidente em uma fábrica têxtil em Prato, na Itália. Nesse sentido, iremos utilizar, de maneira não exploratória, as manchetes do acontecimento sobre o telão branco. Outra possibilidade imagética consiste na reconstrução desse espaço da memória com imagens menos ilustrativas (os personagens nessas cenas falam sempre em terceira pessoa e em outro tempo que não o presente). Como estilo de atuação propomos um jogo entre os atores que invista na linguagem épica inerente ao próprio texto. Nesse conjunto de cenas, pretendemos utilizar o recurso dos personagens falando em terceira pessoa, e no passado, como um estilo de atuação diferente das demais cenas. Pela ausência de diálogo direto entre os personagens apostamos no jogo rítmico da palavra para estabelecer o andamento.
O que foi: Ao invés do casebre do casal de chinês, foi criada uma fábrica, uma das cenas que está todo o elenco no palco, mas é protagonizada por Danuta e Rodrigues. A projeção não foi necessária, mais uma vez a montagem apostou no contar uma história e no trabalho de ator. Para compor um dos chineses, Rodrigues buscou inspiração nos "imigrantes" que cruzaram seu caminho como descreve: "Carregar consigo a dor de sair de seu chão para poder sobreviver, quem conhece essa realidade? Corro os olhos até o extremo norte do país e percebo venezuelanos entrando fronteira adentro e sendo recebidos a pauladas. Sigo a correr o olhar para além do espaço e do tempo, e encontro tantos brasileiros que abandonaram casa e família para tentar melhores condições de vida. Encontro dona Maria Socorro, senhora que conheci e com quem trabalhei, limpando quartos de um hotel nos Estados Unidos para sustentar – à distância – sua família do interior do Ceará. Encontro tantas Marias como ela que não é possível contar. As fronteiras existem apenas no mapa, não existem no território".
Danuta Zaghetto e Rossendo Rodrigues (de mãos dadas) interpretam os chineses . Créd. Foto: Claudio Etges
CORO O que era: O conjunto de cenas em que aparece o coro poderá tornar-se um espaço em que poderemos de forma imagética e musical estabelecer pontes entre a realidade apresentada no texto com a realidade brasileira. Faz parte da equipe o premiado compositor Caio Amon que terá como desafio conceber um acompanhamento musical para esse coro, possibilitando o ritmo e o tom desejado. Juntamente trabalharemos com todos os atores envolvidos na encenação a fim de ressaltar o distanciamento e estilo brechtiano deste momento. O que foi: O coro foi totalmente repensado. Se manteve apenas Caio Amon que fez um acompanhamento musical para esse coro, assim como para toda a peça. Aos poucos o diretor e o elenco foram percebendo a força dos coros, “não é transição, é cena”, disse Mirna Spritzer, em um dos ensaios. A atriz é responsável por dar vida a um dos coros.
ENTREVISTA COM MAURICIO CASIRAGHI
MICHELE ROLIM:O que no texto te levou a montá-lo? MAURICIO CASIRAGHI:Primeiramente é um texto que apresenta temáticas extremamente relevantes para os dias de hoje e que eu particularmente me interesso. A questão da maldade do homem representada nas relações de poder entre países, onde um está a serviço de outro em um contexto de globalização. Esse tema se desmembra em outros como o problema da imigração e o trabalho escravo. Além da temática ele oferece diferentes camadas de interpretação e muitas possibilidades de linguagem para a encenação.
MICHELE:Como você percebe a questão da sonoridade no texto? CASIRAGHI:Percebo ela muito determinante na encenação e ao mesmo tempo muito aberto para exploração. Nessa montagem específica busquei junto com o responsável pela trilha sonora uma ambientação cinematográfica. A música e a cena se contaminam e se potencializam mutuamente.
MICHELE:Como o tema da peça dialoga com as questões atuais do Brasil? CASIRAGHI:Acredito que a questão da imigração especificamente no Brasil não possui o mesmo peso que, por exemplo, tem nos países europeus. No entanto utilizamos as situações que abarcam essa problemática como potencializadores de outros discursos análogos, como preconceito e hegemonia cultural.
MICHELE:Quais foram os maiores desafios para montar Expresso Paraíso? CASIRAGHI: Houve muitos desafios que potencializaram o processo, mas o mais difícil com certeza foi trazer essa dramaturgia para um lugar mais aprazível para o público brasileiro. Tematicamente a peça não se relaciona de forma direta com as problemáticas do nosso país e também a sua extensão somada à complexidade filosófica da escrita nos pareceu distante do que gostamos de criar. Por isso tivemos que compreender e adaptar diversos elementos, mas chegamos em um lugar em que a fidelidade ao texto é mantida e também tornamos a peça mais próxima do nosso público.
Durante o ensaio diretor recebe convidados especiais para mostrar o ferrorama . Créd. Foto: Rossendo Rodrigues
EXPRESSO PARAÍSO
Direção: Mauricio Casiraghi
Realização: ATO cia. cênica
Elenco: Arlete Cunha, Danuta Zaghetto, Marcelo Mertins, Mariana Rosa, Mirna Spritzer, Paulo Roberto Farias e Rossendo Rodrigues
Iluminação: Luciana Tondo
Cenografia: Rodrigo Shalako
Trilha sonora: Caio Amon
Figurino: Déh Dullius
Criação de objetos cênicos: Paulo Martins Fontes
Design gráfico: Andre Varela
**insira todas as tags, separadas por vírgula (,)